Legenda:Aveiro - Águeda 8.15 -> 8.531.: coffebreak e micro paragem num tasco
Águeda - Sernada do Vouga 10.11 -> 10.372.: esvaziar as marmitas
3.: montar o estaminé
4.: assá-las e traçar o repectivo leitão
Sernada - Espinho-Vouga 18.50 ->19.265: paragem num tasco - parte2
6.: giro pelo casino
Espinho - Aveiro via regional7.: paragem num tasco - parte3 (Só para os duros)
Custo:.: 7.24 €rios mais a viagem Espinho Aveiro no Regional
Inscriçoes:.: deixar mensagem neste post ou falar com o Presidente Freitas
DressCode:
.: enchadas
.: bigodaça
.: calças de fazenda
.: boinas e bonés
.: etecetera
Marmitas a Levar (Vale tudo):
.: pataniscas
.: moelas
.: moiras e enchidos
.: leitão ( a cargo do Freitas)
.: trigo
.: etecetera
Um comboio chamado Vouguinha
Um comboio regional que serpenteia a serra para desembocar na praia. Uma linha inaugurada pela monarquia. Conheça a linha do Vouga no percurso entre Sernada do Vouga e Espinho. Aventure-se no desconhecido e deixe-se embalar pela carruagem.
Uma povoação perdida no tempo e no espaço... Assim pode ser descrita Sernada do Vouga, o início da nossa viagem pela linha baptizada com o mesmo nome do rio que a saúda, o Vouga. A povoação é pequena, com ruas íngremes, típicas dos lugarejos da serra. Foi construída em volta da estação de comboios, que ainda hoje mantém o seu destaque – mesmo ao lado, o Bar da Estação é o lugar de maior agitação, se é que assim se pode dizer, num lugar onde não se conhece a palavra stress e onde são denunciados imediatamente os desconhecidos das gentes da terra.
Basta um curto passeio para se sentir a importância do comboio, representado em azulejos no fontanário e em casas particulares. Os nomes das ruas prestam também a sua homenagem... É o caso da Rua dos Ferroviários ou da Rua de Santo Amaro, padroeiro dos ferroviários e, como não poderia deixar de ser, santo comemorado por Sernada do Vouga.
No alto, a capela de Santo Amaro proporciona-nos a melhor vista panorâmica. Ao longe vemos o rio Vouga, que oferece agradáveis momentos a quem o visita, desde banhos, pesca desportiva e mesmo actividades radicais... Quando nos aproximamos é quase impossível não contemplar a ponte rodo-ferroviária que o trespassa, com os seus arcos sumptuosos, e um parque de campismo curioso, montado ao acaso pelas pessoas que por lá querem pernoitar. Em Sernada do Vouga, concelho de Águeda, não existem hotéis, nem pensões, nem nada similar. Apenas Albergaria-a-Velha, que fica a cerca de 5 km, presta tais serviços.
Hora de embarcar
Na estação ficamos surpreendidos com o que vemos... Parece um pequeno cemitério de comboios, que não resistiram ao tempo e que sem quererem vão servindo de parede a quem se inicia ou queira apurar a sua arte de grafiti. São cerca de seis e lá aguardam o seu destino já traçado – o “abate”.
São 9.34h e o apito do comboio avisa que a viagem está prestes a ter início. É um comboio regional, de cor vermelha, com apenas uma carruagem, apelidado carinhosamente de “Vouguinha”. Funciona apenas duas vezes por dia, uma pela manhã e outra pela tarde. O bilhete compra-se no interior, junto do revisor. Em Sernada também se apanha o comboio para Aveiro, mas os horários são tão distintos que se torna complicado fazer o percurso Aveiro-Espinho.
O comboio arranca e imediatamente somos abraçados pelo vasto eucaliptal da Serra da Gralheira que não conseguiu escapar aos incêndios. Não se sente a presença humana a não ser pelos dois túneis e pela gigantesca ponte do IP5. Quem vai encostado à janela vê perfeitamente os carris, pois as curvas e contra-curvas são bem acentuadas, pautadas por ligeiras subidas e descidas. Aproveitamos para respirar o ar puro, colocando a cabeça de fora, mas prestando atenção às ramagens mais selvagens. Em Albergaria-A-Velha, a primeira paragem, temos a primeira lufada de civilização.
De manobra em manobra...
Além do maquinista e revisor, presenças naturais em qualquer comboio, acompanha-nos uma personagem bastante curiosa, o manobrador. Veste de verde e a sua função é abrir e fechar cancelas. O comboio pára e o manobrador sai, com a manivela na mão, para fechar a cancela. O comboio arranca e pára novamente, à espera que a cancela seja aberta e o manobrador entre. Este é um processo que apenas se efectua entre Sernada do Vouga e Oliveira de Azeméis. Antigamente, quando a linha ainda funcionava de Viseu a Espinho, as passagens de nível tinham guardas, normalmente mulheres, tal como ainda existe no percurso entre Oliveira de Azeméis e Espinho, que diariamente tem mais comboios. Actualmente tal não se justifica, contudo, como as estradas são movimentadas – e, por isso, perigosas para se criarem apenas passagens de nível sem guarda – optou-se pela figura do manobrador.
O facto de ser um comboio regional faz com que a viagem seja mais demorada (cerca de 2 horas) mas ao mesmo tempo mais familiar. Por isso não estranhe que os jogadores de malha acenem quando o comboio passa, ou mesmo que algum carro o cumprimente com um apito e que seja retribuído. Esta é uma linha bastante antiga, o primeiro troço, entre Espinho e Oliveira de Azeméis foi inaugurado pelo rei D. Manuel II em 1908, e não admira que já tenha criado fortes laços nas gentes que a acolhe.
Pelos caminhos de Portugal
A viagem continua no meio de eucaliptos e minifúndios pincelados com criativos espantalhos, feitos a partir de materiais reciclados e roupa estendida ao sol, que bastaria esticar o braço para ficar com um prémio. Capelas, casas palacianas, bois, alfaias agrícolas, tudo concorre para chamar a nossa atenção.
As estações de comboios surgem pitorescas ao longo do trajecto. A de Ul há algum tempo deixou de ser estação e é agora um complexo turístico, “Refúgio d’el Rei, com uma esplanada capaz de arrancar suspiros a qualquer um. A de S. João da Madeira, cidade industrial, tem um jardim adjacente que demonstra as maravilhas da arte da poda.
Continuamos a ser embalados pelo ondular da carruagem e já nos habituámos a ouvir os contantes apitos que avisam os incautos, nas passagens de nível sem guarda, que o comboio vai passar.
Praia à vista
À medida que nos aproximamos do destino, os eucaliptos cedem o seu lugar a cidades e somos invadidos pela brisa do mar.
Chegamos a horas, pontualidade capaz de causar inveja aos britânicos, e descemos no apeadeiro Espinho-Vouga, que fica a 800 metros do centro. Tem duas horas e meia para se deliciar com a marginal ou passear pela rua principal, a nº19 (em Espinho as ruas são numeradas). Infelizmente, o casino está fechado, mas as esplanadas que o circundam fervilham de animação.
Se quiser também pode fazer o percurso contrário e apanhar o comboio em Espinho. Seja qual for a sua opção, prepare-se para vislumbrar, de paragem em paragem, pequenos mimos com que a natureza nos brinda e desconhecidos que nos acenam de uma forma amigável …. E tudo pelo simples espreitar de uma janela…
Fonte "www.cp.pt"